Internacional
Edição 143 > O nosso 11 de setembro
O nosso 11 de setembro
Entre estratégia de tensão e álbum de família retocado
Após a Segunda Guerra Mundial, os comunistas italianos foram alvo de uma outra guerra – social, econômica, cultural, moral – não declarada; de “baixa intensidade” militar, mas de alto valor político, que foi travada a partir do final dos anos 1940, e com gradações e modificações também substanciais pelo menos até a década de 1970. E, mais uma vez, os Estados Unidos tiveram papel protagonista na perseguição aos comunistas italianos

O 11 de setembro é uma data marcada com sangue no calendário, e hoje todos a associamos ao ataque às torres gêmeas, mas, até 2001, era o exemplo mais evidente do que seria capaz uma política insana como aquela praticada pelo governo dos Estados Unidos da América nas décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial. O 11 de setembro de 1973 [no Chile] não é o único dessa história, antes já tinha ocorrido o 31 de março de 1964 no Brasil e, depois, o 24 de março de 1976 na Argentina. Mas a “guerra suja” não ficou restrita às exóticas paisagens da América Latina. Nesse mesmo período e com a mesma orientação, ela foi travada com igual intensidade até mesmo na Itália e só por um mero acaso não comemoramos um nosso 11 de setembro; em compensação nenhum de nós pode esquecer o dia 12 de dezembro de 1969 (1).
A história italiana do pós-guerra – com as limitações à própria soberania e a proibição de uma dialética política normal – muitas vezes foi interpretada à luz do conceito de “democracia bloqueada”. Tal conceito, na maior parte dos casos, foi reorientado exclusivamente aos condicionamentos impostos pelo enfrentamento, no plano internacional, dos dois blocos opostos e à consequente articulação interna desse confronto, conduzida pelos dois grandes partidos de massa italianos: a DC [Democracia Cristã] e o PCI [Partido Comunista Italiano]. O fato de tudo isso poder apenas encontrar uma confirmação pontual no plano histórico se constitui só uma parte – ainda que predominante – das causas do engessamento democrático do país. Seguramente, as páginas mais obscuras da “guerra de baixa intensidade” travadas na Itália à época da guerra fria tinham uma confluência de causas apenas em parte estabelecidas em Roma, no entanto, mesmo se essa hipótese fosse integralmente aceita, isso de qualquer modo colocaria em discussão uma debilidade congênita das classes dirigentes italianas incapazes de resistir a tensões externas de tal gravidade. O uso – por parte dos aparatos não secundários do Estado – de instrumentos coercitivos legais e ilegais e o planejamento da estratégia de tensão, para a defesa do Estado de coisas existentes, são um sinal evidente de uma deficiência de hegemonia.
A formação das conexões das quais se deslindam as relações entre violência política e poder no segundo pós-guerra na Itália ocorreu no cenário estabelecido em 1947 pela Doutrina Truman. Segundo Cucchiarelli e Giannulli, o “duplo Estado” nasce logo após a libertação, paralelamente à criação da República. Uma primeira data emblemática nesse sentido é 31 de maio de 1947, que assinala a expulsão do PCI e do PSI [Partido Socialista Italiano] do governo e ocorre seis meses depois da visita de De Gasperi a Washington. “Arquivava-se definitivamente, naquele 31 de maio de 1947, a realidade política oriunda da Resistência; começava um duro período da República”. Mais precisamente, a “guerra política secreta” – expressão que aparece no Memorando do National Security Council [Conselho Nacional de Segurança; da sigla em inglês NSC] (a estrutura americana de “contenção do comunismo”) – se iniciaria no outono de 1947.
Uma guerra – social, econômica, cultural, moral – não declarada; de “baixa intensidade” militar, mas de alto valor político, que foi travada em nosso país a partir do final dos anos 1940, e com gradações e modificações também substanciais pelo menos até a década de 1970, quando a evolução do quadro internacional o fez perder grande parte da antiga cultura política e das obrigações internacionais que a motivaram e, com amplas manipulações pessoais e políticas com objetivos internos, justificaram (2).
“A guerra psicológica” contra o comunismo foi obviamente movida em duas frentes: a externa essencialmente tendo em vista a URSS e a interna que visava a enfraquecer a presença dos comunistas no Ocidente, com uma atenção particular dedicada à Itália e à França. Com tal finalidade, Harry Truman dá vida, em 1948, ao NSC e, portanto, ao “Plano Demagnetize”.
Pela análise dos documentos se comprovariam não apenas um papel protagonista dos EUA como também o absoluto envolvimento do próprio governo italiano, que teria chegado até a solicitar uma intervenção armada do exército americano, como ficou demonstrado pela resposta (negativa) da Casa Branca ao governo italiano em 20 de abril de 1948. Entre os documentos, em grande parte encontrados por Nico Perrone (De Gasperi e l’America. Un dominio pieno e incontrollato “De Gasperi e a América. Um domínio pleno e descontrolado”. Palermo: Sellerio 1995), também se faz referência aos “unvouchered founds”, ou seja os financiamentos encobertos.
No trabalho de Cucchiarelli e Giannellio o nascimento da rede Gladio/Stay Behind é atribuído a uma ação conjunta de EUA, Grã-Bretanha e Itália, na qual o papel do governo De Gasperi não tem nada de secundário ou subalterno. Em particular, foram reproduzidos trechos do encontro, ocorrido em Roma em 29 de dezembro de 1947, entre De Gasperi e Antony Eden no qual o primeiro declarou ter “encarregado um dos novos vice-presidentes do Conselho e líder do Partido Republicano [Randolfo Pacciardi] de atuar como presidente de uma espécie de comitê de defesa civil”.
No contexto de “guerra de baixa intensidade” que o confronto entre os dois blocos determinou, também surgiu um projeto de lei, apresentado em outubro de 1950 pelo ministro do Interior Scelba, relativo a “disposições de defesa da população civil em caso de guerra ou de calamidades”. Tratava-se da realização do artigo 3 do Tratado Atlântico, que “obrigava os contratantes a adotarem, como critérios organizacionais padronizados, predisposições e medidas capazes de melhorar a resistência interna”.
A Lei Scelba atribuiu ao Ministério do Interior um papel de excepcional proeminência no próprio Conselho de Ministros e no funcionamento dos aparatos estatais, dando vida a uma zona cinzenta de soberania paralela sem garantias de controle democrático. Por meio do Projeto de Lei o Parlamento deveria ter concedido uma ampla delegação de poderes sobre um assunto tão delicado, como as garantias de liberdade aos cidadãos e de direitos civis, atribuindo um papel exagerado ao ministro do Interior seja por sua centralidade no governo seja pela prerrogativa a ele conferida de escolher pessoalmente, organizar e chefiar não apenas a Polícia e os Carabineiros mas também uma não muito bem identificada “milícia de defesa civil”. Desse modo, o ministro se tornaria dono de prerrogativas e discricionariedade capazes de ofuscar o próprio presidente do conselho e seguramente também o parlamento.
Em 1951, em Washington, De Gasperi solicitou uma ação psicológica eficaz para fazer com que se compreendesse que a Aliança Atlântica não era apenas militar. Entre as ações a serem conduzidas no âmbito interno ressurgiram as demissões dos trabalhadores comunistas no porto de Livorno, na Fiat [Fábrica Italiana de Automóveis de Torino], nas filiais de Taranto e La Spezia. Por sua vez, o secretário de Estado americano, Dean Acheson, convidou o ministro da Defesa, Pacciardi – sempre muito ativo nesse sentido – para servir de apoio aos dois novos sindicatos, CISL [Confederação Italiana de Sindicatos de Trabalhadores] e UIL [União Italiana do Trabalho], para localizar e golpear os comunistas que trabalhassem em empresas que comercializassem com os Estados Unidos. Em 1951-1952, o Psychological Strategy Board (Conselho de Estratégia Psicológica) predispõe o Plano Demagnetize, depois aprovado pelo secretário de Defesa em abril. Ele previa a criação de uma estrutura de consultoria junto aos embaixadores dos EUA em Roma e Paris, e uma série de outras iniciativas – algumas das quais eram classificadas como “operações paramilitares”.
A estratégia de tensão representou algo mais do que uma mera sucessão de massacres e de tentativas conjuntas de golpe de Estado. Ela foi, ao mesmo tempo, a mais evidente manifestação das restrições impostas à soberania do nosso Estado e o reagente que fundiu em uma única mortífera miscelânea as principais expressões de desvio de poder (serviços secretos, poderes ocultos, finanças ilegais). Como escreveu o juiz Guido Salvino: “todos esses acontecimentos não poderiam ter-se repetido se não tivesse sido determinada em um projeto político estratégico comum, com toda probabilidade a manutenção do nosso país no âmbito da Aliança Atlântica” (3).
Para começar a distinguir e reconhecer os elementos dessa “mortífera miscelânea” a experiência da comissão parlamentar sobre os massacres constitui uma pedra angular. Ocupar-se com detalhes sobre os resultados de tal experiência é fundamental para, depois, encarar o tema em termos mais amplos, mas partindo de um quadro histórico e documental sólido e confiável. A documentação que confirma as modalidades de confronto do comunismo italiano foi em grande parte publicada na coleção Foreign Relation of the United States, ou então pode ser encontrada nos acervos do National Security Council (Conselho Nacional de Segurança, CNS). O primeiro documento examinado é do CNS, relacionado no n. 1/2 de fevereiro de 1948.
Tal diretriz previa, na hipótese de que a península italiana caísse em mãos dos comunistas, uma ação articulada em sete pontos e preestabeleceu um plano para concentração de forças na Sardenha ou na Sicília (ou em ambas as ilhas), com a anuência do governo italiano e após consultas à Inglaterra. A Sardenha devia ter sido a “Taiwan do Mediterrâneo”. Mesmo uma vitória legal, e não apenas uma sublevação da parte do Bloco popular, teria colocado em risco os interesses e a segurança dos EUA, e até por essa possibilidade foi fomentado um plano de intervenções baseado num planejamento militar junto com outras nações e o fornecimento, aos grupos anticomunistas, de ampla assistência financeira e militar.
Intervenções semelhantes figuravam nas diretrizes oriundas do CNS, em janeiro de 1951, em relação às quais, no entanto, permaneceu secreta a questão das medidas – para alguns, omitidas – a serem adotadas caso o PCI conquistasse o governo pelas vias legais. Em seguida, eu examinei o documento do CNS 5411/2 em grande parte censurado. A análise de tais documentos estava, no entanto, incorporada a outras determinações do CNS definidas como “covert operations” (operações encobertas) de 18 de junho de 1948. Tratava-se de uma série de medidas legais e ilegais em relação às quais não se poderia, ou deveria, rastrear as responsabilidades indiscutíveis do governo americano. A diretriz 10/2, mais precisamente, fala de:
(...) ações preventivas diretas, incluindo sabotagem, antissabotagem, medidas de destruição e desocupação; subversão contra Estados hostis, incluindo assistência a grupos clandestinos, grupos de guerrilha e de libertação de refugiados, e apoio a elementos anticomunistas nativos nos países ameaçados do mundo livre (4).
Essas operações não incluíam conflitos armados com forças militares reconhecidas ou reconhecíveis, mas não excluíam certo uso de métodos militares de oposição. Para tais operações o CNS enviou um setor da CIA denominado Office of Special Projects (Seção de Projetos Especiais). A diretriz seguinte, de março de 1954, previa manifestamente intervenções dessa natureza. Nela, como parece à primeira vista, identifica-se a expressão “Stay Behind” (ficar por detrás) para indicar a estrutura de confronto anticomunista.
(...) desenvolver a resistência clandestina e facilitar operações secretas de guerrilha e de assegurar a localização daquelas forças em caso de guerras, incluindo, sempre que possível, previsões de uma base na qual os militares possam ampliar essas forças em tempo de guerra (...) como a previsão de redes Stay Behind e estruturas para a fuga e a retirada (5).
Na mesma direção funcionava o plano preestabelecido pela comissão “C”, do Conselho de Estratégia Psicológica, para o governo italiano contra os cidadãos de “orientação subversiva”. Ele previa a remoção dos comunistas das funções administrativas, das escolas e universidades, das entidades assistenciais; a discriminação das empresas que empregavam mão de obra comunista; atuar legislativa e administrativamente para secar as fontes de renda do PCI (por exemplo, intervenções orientadas à falência das cooperativas e das sociedades de importação/exportação a ele ligadas). Ele também previa uma série de intervenções do governo americano com o fim de desacreditar o PCI e as organizações a ele ligadas; a destruição das pessoas que se sobressaíam e da respeitabilidade do PCI; o comprometimento dos comunistas que ocupavam cargos públicos e a construção em laboratório de escândalos concernentes ao líder do PCI. Não é demasiado assinalar, principalmente se se tem em conta o debate histórico-político sobre a Resistência nos últimos sessenta anos, que tal intervenção estabeleceu expressamente o objetivo de desacreditar e diminuir o papel desenvolvido pelos comunistas, durante a Segunda Guerra Mundial, para se libertar do nazi-fascismo.
Mas o documento que com maior clareza delineia os aspectos ilegais da intervenção – em caso de vitória eleitoral das esquerdas – é seguramente o “suplemento B” do Field Manual (Manual de Campo) 30-31, estabelecido em 18 de março de 1970 pelo general Westmoreland e apreendido em uma mala da senhora Maria Grazia Gelli no aeroporto de Fiumicino em 4 de julho de 1981 (6).
Enquanto o Field Manual A se limitava a traçar as operações conjuntas do governo dos EUA e daquele país hóspede para garantir-lhe a estabilidade contra a insurgência, o suplemento B, por sua vez, considerava as mesmas entidades do país hóspede como alvos das missões do exército dos EUA. Nesse suplemento era especificado que aos EUA seria concedida uma ampla gama de condescendências em matéria de relações com o governo hóspede, e com tal fim preestabeleceu operações de contrainsurgência “conduzidas em nome da liberdade e da democracia”, na hipótese de escolha de um governo considerado hostil. Na definição dos regimes a serem apoiados se determinava a preferência, perante a opinião pública mundial, pela manutenção de uma “fachada democrática” – também não era certamente uma condição imprescindível para obter o apoio do governo americano. Mais especificamente, para satisfazer os critérios de apoio dos EUA, a articulação democrática devia possuir um pré-requisito indispensável: a posição anticomunista nos planos interno e internacional.
Para preestabelecer um relato coerente com os propósitos do governo americano o “suplemento B” indicava como objetivo o recrutamento de membros de destaque das agências de segurança do país hóspede, na qualidade de agentes dos serviços dos EUA, solicitando essa ação aos oficiais do exército. Nessa documentação pode-se claramente destacar a origem do fenômeno que por muito tempo se manifestou dos assim chamados “serviços de despiste”. A tipologia de intervenção prevista era extremamente clandestina e marcada por uma declarada falta de escrúpulos operacional: estava previsto um trabalho de infiltração entre as fileiras da extrema-esquerda por parte de agentes dos serviços secretos para tornar essas organizações protagonistas de operações violentas capazes de superar os constrangimentos ou a passividade do governo em relação às organizações de inspiração comunista. Portanto, a infiltração e o uso inescrupuloso dos grupos de extrema-esquerda tinham como fim gerar um clima político favorável às ações de confronto e repressão. Uma modalidade de intervenção que reaparece no documento Notre action politique (Nossa ação política), apreendido em 1974 em Lisboa próximo a Aginter Press, organismo que, com o disfarce de agência jornalística, escondia na realidade uma estrutura de espionagem e de “covert actions” (“ações encobertas”), programando a instauração do caos em todas as articulações do Estado sob a fachada de organizações radicais comunistas.
Ainda nesse plano, em 1975, a Comissão Rockefeller redigiu para o presidente Ford um documento, franqueado em 1977, denominado “Chaos” que demonstrava o categórico intuito de infiltração em grupos, partidos e associações da esquerda extraparlamentar na Itália, França, Espanha e Alemanha Ocidental. Tratava-se de uma operação surgida em agosto de 1967 cujo final estava previsto para 1973. Em mais de uma pesquisa se revelou uma estranha coincidência temporal entre essas operações e o início da estratégia de tensão na Itália, primeiro com os atentados na Feira e na Estação de Milão e depois com o massacre da Piazza Fontana.
O agravamento desse quadro é essencial para fornecer uma panorâmica estruturada do tema violência e política no segundo pós-guerra, seja porque serve para indicar o plano de ação em defesa do estado de coisas existentes, seja porque ele impôs uma série de implicações que objetivamente chegaram a corromper o próprio desenvolvimento das organizações de esquerda em relação a esse tema. O ponto nodal consiste em compreender (mas isso aguarda uma pesquisa mais aprofundada cuja realização leva anos) o quanto a infiltração e a pressão sobre as organizações de esquerda – de modo a favorecer o aguçamento do confronto em termos militares – influíram nos planos teórico e prático na vida dessas organizações.
A documentação apreendida no arquivo da VII divisão do Sismi [Serviço Secreto Militar] daria uma primeira resposta à pergunta fundamental que surge da história da Gladio: a estrutura não tinha exclusivamente como fim proteger o território italiano de uma possível invasão de exércitos inimigos, mas tinha um delineamento interno totalmente voltado ao confronto diante de uma possível vitória eleitoral, e do consequente ingresso da esquerda no âmbito do governo. A essa tarefa estava vinculada uma outra ligada à necessidade de impedir agitações e movimentos potencialmente em condições de influir na posição internacional do país e de seus arranjos sociopolíticos. Isso desmentiria as afirmações de dirigentes da estrutura e dos serviços secretos, bem como dos políticos que se sucedem na direção do Ministério do Interior, segundo os quais a Gladio tinha apenas uma função de defesa contra uma possível invasão externa. Além dessa documentação, essa versão seria desmentida pela história dos grupos anteriores à Gladio, a partir de Osoppo, bem como negada pela própria rede Stay Behind.
Dessa forma, os dirigentes da Gladio periodicamente participavam de estágios nos EUA ou na Grã-Bretanha, nos quais o objeto de estudo era a ideologia comunista e diferentes modos de se contrapor ao seu avanço, fosse revolucionária ou democrática. A perícia realizada por Giuseppe De Lutiis (7) cita diversos encontros desse tipo. Antes de tudo, o tema de estudo do curso que ocorreu nos EUA entre outubro e novembro de 1957, do qual participaram quatro oficiais da rede, foi assim resumido pelos agentes italianos: “teoria e práxis do comunismo com particular referência às suas modalidades de infiltração nos vários setores do país, para a conquista democrática de poder. As várias fases de consolidação de poder em um território conquistado democraticamente e aquelas de consolidação de poder em um território ocupado militarmente”. Mas além desses cursos há as atas das reuniões entre os chefes da Gladio e também os documentos que atestam como o objetivo de defesa contra ataques de fora torna-se rapidamente secundário em relação à guerra psicológica interna.
A essa finalidade atendiam os cursos de “counter-insurgency” (contrainsurgência), dedicados aos adeptos da estrutura Stay Behind, e aos treinamentos relativos como operação “Delfim”. Documentos de 1963, recuperados pela comissão parlamentar sobre massacres, atestam claramente a existência de cursos organizados secretamente por aparatos do Estado visando a treinar militares e civis para desenvolverem ações de natureza não especificada contra partidos regularmente constituídos e presentes nas instituições democráticas.
Eles tinham como finalidade preparar os agentes para funções de propaganda, contrapropaganda e distúrbios, mas também realizar outros cursos para militares e civis de modo a desenvolver junto a oficiais das Forças Armadas uma ação coordenada com os objetivos da operação Stay Behind. É de se ressaltar a coincidência temporal entre os cursos e a intensa atividade de recrutamento de civis para propósitos não bem definidos por parte do coronel Renzo Rocca, à frente do Departamento de Pesquisas Econômicas e Industriais (REI) do Sifar [Serviço de Informações das Forças Armadas]. Uma organização criada para proteger o segredo das patentes industriais dos setores estratégicos, especialmente os de armas, mas, pela realidade que se apresentou, para obter financiamentos “antissubversivos” entre os grandes industriais, para então repartir com partidos, correntes, jornais, grupos e políticos. A obtenção de recursos era retribuída depois com postos militares, contratos e licenças para a exportação de armas (8). No relatório da comissão parlamentar sobre os fatos de junho e julho de 1964, foi esclarecido que no verão de 1963 o coronel Rocca tinha ido a Ligúria e Piemonte para fazer contatos com ex-militares, ex-paraquedistas, ex-soldados da X MAS (memento audere semper “lembre-se de sempre ousar”) com o fim de recrutá-los para a estrutura de informação, em nome do Sifar. Toda essa intensa atividade de alistamento e treinamento de núcleos especiais estava estritamente ligada às atividades do general De Lorenzo. Tratava-se de núcleos operacionais de ação equipados e prontos a intervir tendo em vista o golpe de Estado.
Seguramente, por trás do Plano Solo não havia apenas a Gladio, mas existia uma organicidade entre a estrutura e os planos de golpe. Não por acaso De Lorenzo, à frente do Sifar entre 1958 e 1962, foi de fato o fundador da Gladio. Certamente, não há hipótese de que o uso sem escrúpulos das Forças dos carabineiros e do Sifar, com funções políticas de confronto anticomunista, poderia ser desconhecido do organismo oficialmente preparado para aquela atividade. Como é notório – confirmado pelo próprio general De Lorenzo – se por acaso o golpe de Estado tivesse tido um bom final, os cidadãos incluídos na famigerada lista negra (políticos, sindicalistas, homens da cultura de esquerda) teriam sido deportados, justamente na base operacional da Gladio, para o Cabo Marargiu. Dessa operação também fazia parte uma Conferência sobre “guerra revolucionária”, que ocorreu no Hotel Parque dos Príncipes, em Roma, de 3 a 5 de maio de 1965, que é extremamente importante porque nela se inicia uma perversa mistura de Forças Armadas, missões e as então recentes organizações neofascistas.
Antes desse encontro, entre 15 e 24 de abril de 1963 ocorre nas proximidades de Trieste o famoso treinamento para ações de insurgência e contrainsurgência denominada “Delfim”. A operação devia intervir para “reter os germes” de uma possível insurgência da parte de grupos extremistas no norte da Itália. Na realidade, também neste caso, pelos relatórios e os documentos, revela-se que o treinamento foi um lance para avaliação e prognósticos de intervenção em situações políticas que se desviam completamente das prerrogativas de uma instituição militar. Assim, eram apresentados os riscos que corria a proclamação de uma administração de centro-esquerda em Trieste, eram formuladas projeções sobre a performance eleitoral do PCI e se indicavam possíveis áreas (propaganda e comunicação) de intervenção para neutralizar o avanço desse partido tendo em vista as eleições administrativas.
Esse conjunto de elementos fornece uma confirmação documental e comprobatória de uma avaliação que, no âmbito político, já era uma certeza: a constante limitação da soberania popular e democrática no nosso país. Uma limitação que se expressa por meio de um treinamento sistemático da violência que viciou o debate político e dominou a vigente dialética econômico-social da Itália no pós-guerra.
Esse violento domínio sobre a vida democrática e o correto funcionamento institucional levou aparatos do Estado a recorrerem à sabotagem contra mandados de magistrados para localizar os mandantes e os executores dos massacres. Aparatos do Estado participaram de tentativas golpistas, conduziram operações de provocação política, desenvolveram atividades de flanqueamento para proteção e em alguns casos orientação da atividade terrorista, favoreceram a fuga para o exterior dos possíveis responsáveis. Não se pode deixar de levar em conta tudo isso quando se considera as intricadas ocorrências de terrorismo na Itália, porque seria uma premissa fundamental a menos, sem a qual a simples análise histórica e conceitual seria parcial, para não dizer inútil.
Além de apresentarem a rede Stay Behind como de conveniência da mera defesa contra ameaças externas, os altos oficiais e os representantes institucionais implicados procuraram limitar as próprias responsabilidades por intermédio do teorema das “maçãs podres”. Segundo essa tese, as violações da lei e as mais inquietantes zonas cinzentas entre atividades do Estado e destruição terrorista seriam o resultado da crueldade operacional de alguns elementos isolados dos serviços, em relação à qual não seriam culpados nem os superiores e nem a estrutura mais geral das Forças Armadas.
Ainda em relação a isso, as investigações da comissão parlamentar sobre os massacres demonstraram outra coisa, trazendo à luz não apenas a responsabilidade dos indivíduos subalternos mais zelosos, mas também a implicação do todo o comando em conjunto, bem como foi revelada a continuidade histórica dos “desvios operacionais”.
Em outras palavras, o turn over (alternância) das diversas gerações de oficiais dos serviços muitas vezes levou as novas levas a continuarem com as atividades ilegais de seus antecessores, mesmo conscientes de que aquele modo de agir era totalmente fora da lei. Isso ocorreu em diversas circunstâncias: em 1968, quando os serviços prepararam o terreno para a temporada de massacres, justamente quando vinha à luz o escândalo Sifar envolvendo De Lorenzo; em 1973, quando exatamente os serviços é que ativaram a rede de organizações subversivas denominada Rosa dos Ventos, enquanto eram reveladas as responsabilidades objetivas pelo que ocorreu na Piazza Fontana; em 1978, quando os novos dirigentes dos serviços reservados retomaram do ponto em que os velhos deixaram, dando prosseguimento aos tradicionais trâmites de ilegalidade – basta pensar nos massacres de Bolonha e de Ústica.
Entre as tantas ações dos serviços um lugar de honra pertence às relações com a maçonaria. Já Giuseppe Pièche – durante o fascismo chefe da III seção do SIM [Serviço Militar de Informações] e homem do Ovra [organismo vigilanza reati antistatali “órgão de fiscalização de crimes contra o Estado] –, que no pós-guerra foi indicado como eminência parda do Ministério do Interior, foi por muito tempo o Grande Comendador Soberano do ritual escocês da Praça de Jesus. O laudo menciona o trecho de uma carta enviada por um importante maçom do Grande Oriente, que constitui um dos primeiros documentos capazes de lançar luz sobre o acontecimento:
Por ocasião da Confraternização branca que ocorreu no Hilton na festividade de 20 de setembro, o irmão coronel Gelli, da loja “P”, teria comunicado ao irmão Salvini que o Grande Mestre teria iniciado o treinamento em espada de quatrocentos altos oficiais do exército com o fim de preparar um “governo dos coronéis” preferível a um governo dos comunistas. Também seriam treinados, ou estariam prestes a isso, alguns personagens eminentes da DC [Democracia Cristã] (9).
As correspondências objetivas sobre o significado político desse treinamento são tantas, dentre as quais, De Lutiis, em seu laudo cita a deposição – no processo pelas chacinas da Piazza Fontana que ocorreu em Catanzato – do chefe da polícia Vicari por ter falado sobre a ameaça de um golpe no verão de 1969 descrevendo-o como uma das mais sérias tentativas colocadas em prática à época.
A partir da segunda metade dos anos 1960, a loja P2 tornou-se uma realidade de confluência e encontros entre figuras eminentes da vida econômica, política, jurídica, militar e de agitação do país. Nesse período, há uma mudança das personagens de destaque das forças armadas, das lojas tradicionais até a P2.
À P2 aderiram todos os generais envolvidos no Plano Solo de junho-julho de 1964 (Giovanni Allavena, Luigi Bittoni, Romolo Dalla Chiesa, Franco Picchiotti), enquanto os próprios generais Aloja e De Lorenzo aderiram à loja resguardada pela obediência à Praça de Jesus, a qual, por sua vez, articulou-se com a P2 em 1973. Na P2 também estão articuladas as duas essências dos serviços secretos que foram definidas por De Lutiis: uma abertamente golpista (coordenada por Vito Miceli) e uma aparentemente mais fiel às instituições (a do chefe da seção D, o general Maletti). Do mesmo modo que em relação ao “Plano Solo”, também os promotores da tentativa de golpe “Borghese” eram todos ligados à loja P2 (o general Miceli, Filippo De Iorio, os oficiais da aeronáutica Giuseppe Lo Vecchio e Giuseppe Casero). E ainda teriam sido maçons o próprio Borghese, o seu braço-direito Remo Orlandini e o ex-oficial dos paraquedistas, Sandro Saccucci, que teve um papel de primeiro plano no fracassado golpe. Como é notório, participaram da tentativa de golpe, o próprio Gelli e o almirante Torrisi, cujo nome teria sido excluído da lista de adeptos ao P2 por ocasião da divulgação, por decisão do SID [Serviço de Informações de Defesa], que o denunciou aos tribunais.
Uma passagem essencial da relação entre maçonaria e círculos militares seria representada pela reunião ocorrida na vila Wanda convocada por Licio Gelli. Nela, participaram o general Palombo, comandante da divisão de carabineiros Pastrengo de Milão; o coronel Calabrese; o general Picchiotti, comandante da divisão de carabineiros Podgora de Roma; o general Bittoni, comandante da brigada de carabineiros de Firenze; o coronel Musumeci, nomeado em 1978 chefe da Seção de controle e segurança do Sismi; e o procurador-geral do Tribunal de Primeira Instância de Roma, Carmelo Spagnuolo. Parece que naquela reunião as aspirações golpistas dos conspiradores teriam sido firmadas por um governo presidido justamente pelo magistrado Spagnuolo.
Em meados dos anos 1970, teria sido determinada uma mudança de estratégia na P2, em conexão com a alteração dos EUA que teve como consequência o afastamento dos regimes fascistas de Portugal e Grécia, que depois, em poucos meses, caíram. Nessa fase (1976), Licio Gelli apresenta o “Plano de Restabelecimento Democrático” e não propõe mais o golpe de Estado militar “modelo sul-americano” no final de uma etapa turbulenta de desestabilização terrorista, mas sim uma reforma institucional mais suave e menos traumática nos modos de atuação. Em suma, a passagem dos cassetetes militares aos mais sofisticados instrumentos de conquista hegemônica da sociedade: jornais, partidos, movimentos de opinião, intelectuais mobilizados. Isso não significa certamente que Gelli e a P2 tenham de fato abandonado as relações obscuras com a violência do neofascismo e com os círculos golpistas do exército e dos serviços secretos. Nos serviços, após a reforma de 1977, o membro piduista [filiado à loja maçônica P2] é ainda mais sem escrúpulos e agressivo em suas atividades ilegais. O comportamento do Sismi entre 1978 e 1981 com Musumeci e Santovito à frente, e com a atividade orgânica de Pazienza (não incluído em nenhum papel institucional, mesmo sendo homem-chave dos serviços), chega a multiplicar as linhas de desvio e iniciativas ilegais, não se limitando mais a proteger desertores de esquerda e autores suspeitos de matanças. As tratativas com a Camorra e as Brigadas Vermelhas (BR, na sigla em italiano) para a operação de Cirillo, os despistes em relação às investigações do massacre de Bolonha em 2 de junho de 1980 e as maquinações contra o presidente da República foram um sinal de uma articulação cada vez mais intensa por parte do Supersismi. No entanto, o sentido mais inquietante da atividade dos serviços continua sendo, sem nenhuma dúvida, o referente às estreitíssimas relações com o universo dos grupos subversivos neofascistas: do Nova Ordem ao Movimento de Ação Revolucionária; dos Esquadrões de Ação Mussolini (SAM, na sigla em italiano) à Ordem Negra; da Frente Nacional à Rosa dos Ventos; dos NAI (Núcleos Armados Revolucionários) à Terceira Posição.
Como demonstram os fatos do famigerado “Centro Escorpião” (10) de Trapani – colocados em ação pelos mesmos personagens da Gladio, exatamente ao mesmo tempo que o Maxiprocesso –, nessa história uma outra vertente fundamental a ser aprofundada refere-se ao papel das organizações criminosas, portanto, a tratativa Estado/máfia certamente não pode ser circunscrita à temporada de massacres dos primeiros anos da década de 1990. Do mesmo modo que agora se averiguou a sinergia entre aparatos do Estado e a violência neofascista para resguardar a estabilidade político-social, que se consolidou a partir das eleições de 1948, também a relação com organizações criminosas como a máfia é um dado orgânico da história deste país, principalmente em suas fases de crise. Como outras vezes no passado, a magistratura começou a lançar luz sobre certos aspectos vergonhosos, totalmente antidemocráticos, de autodefesa do poder político neste país. Esclarecida a autenticidade processual, como esperamos, sobre isso deverão se questionar os historiadores no futuro, indagando sem restrição e autocensuras as histórias individuais e coletivas das classes dirigentes italianas com todas as suas contradições. O centésimo quinquagésimo aniversário da Unificação da Itália, ocorrido em 2011, poderia ter sido uma ocasião propícia para se começar a fazer isso, mas infelizmente a preferência é pelo caminho da biografia, da representação retórica oleográfica de um grande álbum de família no qual todos os italianos deveriam se reconhecer.
* Gianni Fresu é Doutor em Pesquisa em Filosofia pela Universidade de Urbino (Itália) e atualmente trabalha como professor de Filosofia Política na Universidade Federal de Uberlândia.
Tradução de Maria Lucilia Ruy.
Notas
(1) Data do atentado terrorista de direita na Piazza Fontana no centro de Milão, que causou a morte de 17 pessoas e ferimento em 80. Outras quatro bombas explodiram nesse dia. Era o início da “estratégia de tensão”.
(2) CUCCHIARELLI, Paolo; GIANNULLI, Aldo. Lo Stato parallelo. L’Italia oscura nei documenti e nelle relazioni della Commissione stragi (O Estado paralelo. A Itália obscura nos documentos e relatórios da Comissão de massacres). Roma: Gamberetti, 1997, p. 32, 33.
(3) IDEM, p. 13.
(4) Diretriz do Executive Secretary dell’Office of special Projects al National Security Council (Secretário executivo da Seção de Projetos Especiais do Conselho Nacional de Segurança), em 18 de junho de 1948. Volume IV, p. 545.
(5) Atas da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a loja maçônica P2. XI Legislatura, vol. VII, tomo I, p. 287-298.
(6) IDEM, p. 288-295.
(7) O extraordinário estudo de Giuseppe De Lutiis, que reúne o trabalho do historiador para a Comissão parlamentar de desastres, resultante da análise das 105 mil páginas apreendidas pelo poder judiciário nas seções do Sismi, foi publicado em: DE LUTIIS, G. Il lato oscuro del potere, associazioni politiche e strutture paramilitari segrete al 1946 ad oggi (O lado obscuro do poder, alianças políticas e estruturas paramilitares secretas de 1946 até hoje). Roma: Editori Riuniti, 1996.
(8) ZANGRANDI, Ruggero. Inchiesta sul Sifar (Inquérito sobre o Sifar). Roma: Editori Riuniti, 1970.
(9) Carta de 23 setembro de 1969 enviada pelo agrônomo Prisco Brilli, conselheiro da Ordem do Grande Oriente da Itália, ao engenheiro Francesco Siniscalchi. Atas da Comissão Parlamentar sobre a loja P2.
(10) Entre as tantas conexões irregulares da Gladio, que mereceriam atenção e posteriores estudos – principalmente agora que surge com consistência uma inquietante mácula dos serviços secretos sobre o assassinato do juiz Borsellino e de sua escolta – está seguramente o Centro Escorpião, instituto da estrutura da Gladio, em Trapani, em 1987, justamente no período em que se comemorava o Maxiprocesso contra a máfia (que foi criada entre 10 de fevereiro de 1986 e 16 de dezembro de 1987). As irregularidades nunca esclarecidas desse centro são inúmeras, no entanto, nessa época e no território em que atuou o Centro Escorpião, ali se encontravam juntos alguns dos grandes e emblemáticos assassinatos: Giuseppe Insalacco (prefeito de Salermo durante três meses em 1984), protagonista de clamorosas denúncias dos conluios entre máfia e política, também ouvido pela Comissão Antimáfia. Insalacco foi assassinado junto com seu motorista em 12 de janeiro de 1988. Após a sua morte foi encontrado um de seus memoriais, no qual acusou diversos expoentes da DC de Palermo, pela fusão com a máfia no sistema de gestão dos contratos e do poder cidadão; o juiz Antonio Saetta, envolvido em inúmeros processos da máfia. Saetta, em particular, se viu presidindo o julgamento de Giuseppe Puccio, Armando Bonanno, e Giuseppe Madonna pelo assassinato de Emanuele Basile, capitão dos carabineiros. O julgamento, que terminou em primeira instância com uma surpreendente e muito questionada absolvição, decretou, ao invés disso, por apelação, a condenação dos imputados à pena máxima, apesar das tentativas de condicionamento feitas sobre o júri popular, e talvez sobre os próprios magistrados. Poucos meses depois dessa sentença, em 25 de setembro de 1988, o juiz Antonio Saetta e o filho Stefano foram assassinados; Giovanni Bontate – irmão do boss (chefe) Stefano que, segundo os assistentes jurídicos, era muito próximo dos seus superiores em nível nacional e regional da DC, assassinado em 1981 –, envolvido no Maxiprocesso e morto junto com a esposa em 28 de setembro de 1988; Mauro Rostagno, empenhado na luta pela recuperação de dependentes químicos na Sicília e na linha de frente na denúncia das conexões entre máfia e política, assassinado em 26 de setembro de 1988. Agora, também sem se deixar levar por muitas conjecturas, é no mínimo estranho que uma estrutura de intelligence dotada de recursos (inclusive um avião e uma pista de aterrissagem à sua disposição), que atua nessa área, não tivesse condições de encontrar informações úteis, antes e depois dos diversos assassinatos. Na estrutura, aliás, atuava um agente de destaque como Vincenzo Li Causi, envolvido em várias ocorrências pouco claras e de configuração decididamente ilegal.
Textos recomendados
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