Internacional
O menino Aylan

Se soubesse nadar,
Talvez tivesse chegado à praia
Com vida,
Mas ele tinha apenas 3 anos.
Minutos antes do naufrágio,
A mãe o apertara contra os seios,
Mesmo pequenino pressentia a grande desgraça,
Fechou os olhinhos e teve uma brevíssima miragem:
Ele ganharia asas de um gigante albatroz,
O pequeno barco voaria feito avião,
Salvando a todos, a mãe, o pai e o irmão.
Ah, a poesia quisera ser Alá,
Quisera ser Iemanjá, quisera ser Deus,
Para tê-lo transformado num peixinho sírio
Que chegasse saltitante à praia turca.
Ah, a poesia quisera ser um chefe de Estado
Que tivesse alma,
Que retirasse das fronteiras os cães, o arame farpado,
E os soldados armados,
Que poupasse a humanidade desse crime hediondo:
Um menino, reduzido a um corpinho sem vida,
Calçado, e vestido de camiseta vermelha
E bermuda azul.
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