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Edição 101 > A segunda revolução darwiniana
A segunda revolução darwiniana
A obra A descendência do homem apresenta uma teoria distinta da primeira, o que autoriza a expressão “segunda revolução darwiniana”

Quando, em 1871, surgiu The descent of man, and selection in relation to sex, esta que tem sido considerada a segunda revolução darwiniana – o germe de uma antropologia totalmente apoiada na materialidade da vida – foi ignorada ou, no mínimo, mal interpretada.
As interpretações equivocadas foram de duas ordens. Em primeiro lugar considerou-se A descen dência do homem como uma mera extensão à espécie humana da “primeira revolução darwiniana”, expressa n’A origem das espécies. Em segundo, tomou-se a obra como bipartida: de um lado, apresentando uma teoria sobre a origem do homem; de outro, um texto praticamente independente sobre a seleção sexual. Hoje, da perspectiva de 150 anos do surgimento da explicação do mecanismo da seleção natural, se tem a oportunidade de reavaliar a antropologia de Darwin, conforme se encontra em A descendência do homem, constatando tratar-se de uma teoria distinta da primeira, o que autoriza a expressão “segunda revolução darwiniana”.
Esta reavaliação tem por base o esforço de alguns modernos historiadores das ciências – em especial Patrick Tort e a dupla de biógrafos de Darwin, James Moore e Adrian Desmond (1). Em comum entre eles há a perspectiva que oferecem para reconsiderarmos a obra como algo que, de maneira muito clara, mostra o afastamento do pensamento de Darwin da explicação equivocada que é tomar a evolução humana nos termos estritos da seleção natural, como usualmente fizeram aqueles que não compreenderam a riqueza do legado do grande cientista inglês (2). Esta confusão, no entanto, não é apenas um “equívoco”: trata-se de uma manipulação deliberada da tradição darwinista com o objetivo de minimizar o seu sentido duplamente revolucionário, reduzindo a “segunda revolução” aos termos estritos da “primeira revolução”.
A mistificação a respeito da aplicabilidade mecânica da seleção natural às sociedades humanas principiou com a primeira tradução francesa d’A origem das espécies, publicada em 1862. A tradutora, Clémence Royer, acrescentou ao livro, sem conhecimento de Darwin, um alentado prefácio de mais de 40 páginas, onde atribuía à obra o sentido de uma “revelação racional do progresso” em oposição a “concepções irracionais”, como aquelas que fundamentavam o pensamento cristão em defesa dos fracos e incapazes. Do seu ponto de vista, havia uma guerra social objetiva, na qual era preciso tomar partido a favor do progresso, isto é, contra o protecionismo devotado aos menos capazes na luta pela vida (3). Contrariando, assim, a posição deliberada de Darwin de não tratar, na obra, da evolução humana, Clémence Royer contribuiu em muito para o surgimento daquilo que viria a ser conhecido como “darwinismo social”, isto é, a adoção de um raciocínio hobbesiano para explicar a evolução humana. Mais tarde Royer ainda se deu ao trabalho de escrever uma vasta obra, intitulada Origem do homem e das sociedades, cujo grande objetivo era destruir a argumentação de Rousseau (4) sobre o “bom selvagem”, mostrando-o, ao contrário, como o “lobo para o homem”. Mas, em que pese Darwin haver se contraposto à ousadia e petulância de Royer, mandando fazer uma nova tradução d’A origem das espécies, o surgimento, em 1869, da obra de seu primo, Francis Galton (Hereditary Genius) – cunhando o termo “eugenia” que viria a ser a base teórica das políticas selecionistas de tipo racista – contribuiu enormemente para que a confusão se instalasse de modo mais duradouro na cidadela do darwinismo.
Em relação a Galton – também é preciso dizer – este ofereceu, em carta a Darwin, dedicar-lhe um trabalho seu – “gentileza” recusada por Darwin. Trata-se da mesma carta que, num erro historiográfico sem tamanho, acreditou-se por muito tempo que Marx a havia endereçado a Darwin, oferecendo-se para dedicar-lhe O Capital. Essa “anedota”, só dissipada em 1975, quando ficou provado que Marx jamais propôs tal homenagem a Darwin, foi repetida como “verdade” por mais de 100 anos (5), compondo o conjunto de equívocos em torno da obra de Darwin e da aplicação mecânica da seleção natural à evolução da espécie humana.
Não menos importante, contribuiu para obscurecer a discussão da antropologia de Darwin em The descent of man da polarização em torno do tema do malthusianismo n’A origem das espécies e a conhecida refutação de Marx e Engels, que viram no recurso à aritmética populacional de Malthus uma expressão reflexa da luta que grassava entre agentes econômicos na sociedade burguesa. Por fim, não é desprezível também a apropriação, por Darwin, da expressão “struggle for life”, cunhada por Herbert Spencer, na sexta edição d’A origem das espécies – expressão que não se encontra nas edições anteriores.
Certamente a historiografia marxista ainda nos deve um aprofundamento das razões das reservas de Marx em relação a Darwin, mas, de qualquer forma, é notório que a maior parte das referências à obra de Darwin nos textos de Marx e Engels está marcada pela ambivalência: a concordância e a discordância pela aplicação do malthusianismo (6).
Os argumentos centrais
da “segunda revolução”
darwiniana
Todos esses fatores brevemente resenhados foram responsáveis pela formação de um verdadeiro “biombo”, escondendo o real significado da “segunda revolução darwiniana”, segundo a interpretação de Patrick Tort.
No que consiste, então, essa “segunda revolução” anunciada pelo livro de Darwin de 1871? Eis os seus aspectos principais:
1 Darwin nos explica, através do mecanismo geral da seleção natural, como se formam e se desenvolvem as espécies hominídeas, a partir de uma descendência comum com outras espécies simiescas;
2 a formação da espécie humana passa por uma sequência, ao longo de milhares de anos, onde o animal abandona as árvores e se terrestrializa; adquire a postura ereta e refuncionaliza o uso das mãos; desenvolve a capacidade craniana (encefalização) e desenvolve a comunicação simbólica (linguagem), a base da civilização;
3 o processo de hominização é favorecido pelos instintos sociais da espécie que, entre outras coisas, se materializam através da adoção de comportamentos cooperativos e altruístas ligados à própria reprodução (cuidados com a cria);
4 a civilização corresponde à etapa da evolução quando os instintos sociais vão, paulatinamente, sobrepujando a seleção natural e fixando qualidades que “progridem, direta ou indiretamente, muito mais graças aos efeitos do hábito, às capacidades de raciocínio, à instrução, à religião etc, do que à seleção natural, e isso apesar de se poder atribuir com certeza a este fator os instintos sociais que forneceram a base do desenvolvimento do sentido moral”;
5 a civilização se desenvolve e toma corpo na exata medida em que sobrepuja a seleção natural, através da adoção dos comportamentos que preservam os mais fracos (crianças, velhos etc) e propiciam o desenvolvimento de conhecimentos com essa mesma finalidade (a medicina, por exemplo);
6 as variedades verificadas na espécie humana, isto é, as subvariedades ou raças, não se devem a origens diversas (poligenia) nem à seleção natural, e se formam a partir da seleção de caracteres secundários ou exteriores (cor da pele, cabelo etc) por meio de um mecanismo inconsciente, chamado “seleção sexual”, que age como uma modalidade de “seleção artificial” exercida sobre a própria espécie; e
7 como em todas as espécies proteicas ou polimórficas existentes na natureza, os caracteres secundários não são produto nem agem sobre a seleção natural, constituindo, no caso da seleção sexual, o resultado de uma infinidade de escolhas feitas pelas fêmeas entre os machos que se enfrentam no terreno da luta a partir de diferentes atributos como, por exemplo, os de força e beleza.
A combinação fortuita de todos esses processos, naturais e sociais, se expressa na hominização ou formação do homem civilizado, aos quais se somam os processos de seleção sexual, materializados em todas as raças humanas. Ainda que não tenha sido percebido o sentido revolucionário dessa teoria ao tempo do seu surgimento, ele é hoje bastante evidente.
Os significados políticos da “segunda revolução darwiniana”
Como mostram Adrian Desmond e James Moore, a idealização de uma obra como A descendência do homem é anterior à própria A origem das espécies. Ao conhecer de perto a escravidão, especialmente no Brasil, onde esteve ao longo da viagem do Beagle, Charles Darwin não só se horrorizou como passou a observar e coletar os aspectos relativos à diversidade das sociedades humanas tendo em vista desenvolver estudos sobre a formação do homem e a diferenciação racial. Já em 1837, de volta à Inglaterra, estas suas preocupações estavam claras, conforme se pode observar agora, após a publicação da totalidade da sua correspondência, cadernos de nota e marginalia.
Segundo os dois biógrafos, Darwin nunca se engajou em práticas políticas abolicionistas nas formas então correntes (petições, meatings, manifestos), mas, de uma maneira muito própria, passou a reunir elementos para atacar a tese central do racismo, demolindo os argumentos justificativos da escravidão. Os racista-escravistas se apoiavam no mito bíblico da desigualdade entre os homens (supondo múltiplos atos de criação, conforme o episódio posterior à Arca de Noé), traduzido em termos “científicos” nas teorias antropológicas poligenistas. Nos marcos da sociedade vitoriana, as desigualdades aparentes e os “níveis de civilização” permitiam a hierarquização das raças e, pois, forneciam o “argumento natural” para a escravidão. Ao demolir a poligenia e ao demonstrar a origem natural da espécie humana, Darwin liquidou, de uma só vez, os argumentos escravistas e religiosos que legitimavam ideologicamente as políticas colonialistas seculares.
Outro argumento revolucionário de Darwin para a compreensão da sociedade humana foi o da seleção sexual. Ele observou na natureza como, em certas espécies, os machos eram bem distintos das fêmeas, apresentando plumagens exuberantes, até mesmo em prejuízo das próprias chances de sobrevivência, como no caso do pavão que, ao desenvolver sua cauda, perdeu a capacidade de voar e fugir de predadores. Ora, por que isso ocorre, apesar de acrescentar maiores riscos para a sobrevivência?
A sua teoria sobre a seleção sexual é a demonstração do mecanismo de escolha dos parceiros, segundo a qual em vez de serem meramente atraídas, as fêmeas precisam “lutar pelos machos” constituindo os pares mais “vigorosos”. Mas Darwin sabia que essa noção igualitária de nada valeria se não fosse capaz de explicar como a fêmea determina “qual a mais bela cauda do pavão”. Ele percebeu, então, que a seleção sexual age à maneira da seleção artificial, isto é, a escolha de caracteres desejados pelos criadores representa uma contraparte da seleção natural. Esse mecanismo permite a compreensão de aspectos da herança mesmo nas espécies selvagens. Assim como o criador escolhe os animais que lhe parecem mais belos ou úteis, um mecanismo natural de seleção da beleza (beau idéal) atua através das escolhas das fêmeas, configurando os tipos naturais dos machos. Na espécie humana esse beau idéal está encarnado em cada raça, tornando o sexo mutuamente atrativo em cada cultura ou sociedade coincidente com um tipo físico. Assim, a escolha estética é o mecanismo de diferenciação das raças humanas nos seus aspectos exteriores ou secundários (7).
Darwin era um leitor assíduo da coluna social do The Time e, muito cedo, percebe que uma ideia ou padrão de beleza se expressa ali como algo distinto da ideia ou padrão de beleza das classes populares, ou dos coolies. A partir de inúmeros relatos do mundo colonial, e das suas próprias vivências quando da viagem do Beagle, conclui que cada povo desenvolve a sua ideia ou padrão de beleza que funde a raça e a beleza num só conceito. Esse padrão orienta a escolha dos cônjuges, através de complexos mecanismos sociais, e é responsável em última instância pela fixação dos caracteres secundários, como cor da pele, tipo de cabelo, conformação do nariz etc. Os recursos culturais, como adornos, deformações cranianas, tatuagens etc, seguirão a mesma lógica. Desse modo, Darwin, além de combater a ideia de uma “desigualdade real” entre os homens, ao mostrá-los como descendentes de uma única origem comum, combatia também aquilo que Aléxis de Tocqueville chamou de “desigualdade imaginária que tem suas raízes no costume” (8), isto é, o tratamento desigual que não se baseia apenas na privação de liberdade do escravo, mas também na diferença de aparência exterior como se fosse uma marca de danação.
Através dessas linhas de argumentação, contidas n’A descendência do homem, Darwin não só estabelece aquilo que mais tarde a antropologia chamará de “relativismo cultural”, equiparando a “beleza negra” à “beleza vitoriana”, como também mostrou um papel ativo da mulher no destino da espécie, o que correspondia ao ideário feminista da época.
O terceiro aspecto importante do impacto da “segunda revolução darwiniana” diz respeito às relações epistemológicas entre natureza e cultura. De fato, quando Darwin mostrou como os instintos sociais vão, paulatinamente, “domesticando” a seleção natural, diminuindo a sua força exclusiva no processo evolutivo humano, ele estabeleceu uma nova via de compreensão da relação natureza/cultura. À medida que a seleção natural dos instintos sociais privilegia as práticas cooperativas e altruístas, dá-se, na expressão feliz de Patrick Tort, o “efeito reversivo da evolução”, isto é, a seleção natural incide sobre a própria civilização como terreno evolutivo (9). Assim, temos o que se poderia chamar de a “base natural da moral”, contraposta às concepções culturalistas sobre a sociedade humana, onde a fonte da moral é exclusivamente a vida simbólica, concebida como um produto mental e social-normativo, representando o homem como um ser que se afasta da natureza de modo irreconciliável.
Como foi percebida a “segunda revolução darwiniana”
Considerando os diferentes ambientes político-intelectuais em que as teorias de Charles Darwin frutificaram, é possível chegar a algumas conclusões a partir da difusão histórica do darwinismo ao longo do século XIX e XX. Os estudos desse tipo mostram, de um modo geral, que nos primeiros anos de sua existência o darwinismo teve seu potencial revolucionário amortecido especialmente nos países onde era forte a tradição da economia política liberal, sendo “traduzido” em termos de uma “comprovação” da luta de todos contra todos, conforme a noção do mercado autorregulado. Este hobbesianismo liberal é claro especialmente no sofisticado “sistema evolucionista” de Herbert Spencer. A partir dessa matriz liberal, e também da interpretação muito particular do alemão Ernst Haeckel sobre o darwinismo – construindo uma hierarquia natural entre os seres vivos, incluindo nela o homem e suas raças – o “darwinismo” assumiu a feição de uma ideologia que correu o mundo como se fosse “a teoria” de Darwin (10). Mas em países onde não havia tradição de economia política liberal, outras linhas de desenvolvimento e formas de compreensão se estabeleceram, como foi o caso exemplar da Rússia czarista, de onde surgiu a primeira contestação sistemática ao “darwinismo social”, através da pena de Peter Kropotkin, que frisou a importância da cooperação e do instinto social para a seleção natural, relativizando o papel exclusivo atribuído pelos malthusianistas hobbesianos à competição (11).
Ora, o desenvolvimento do darwinismo na Rússia foi importante também para o salto posterior da teoria de Darwin. Como se sabe, a formulação da “teoria sintética da evolução” conciliando o darwinismo e a genética pós-mendeliana, surgiu nos Estados Unidos, especialmente por conta de Theodosius Dobzhansky e seu Genetics and the origin of species, que, no final dos anos 1930, soube aproximar a genética norte-americana, muito especializada nos estudos matemáticos sobre populações, e a formação naturalista-darwinista que havia adquirido na União Soviética, segundo nos demonstra Stephen Jay Gould (12).
É de se esperar que hoje um mesmo procedimento revisionista – incorporando avanços da biologia humana, inclusive o comportamental, como enunciados pela psicologia evolucionista – possa produzir, analogamente, uma espécie de “nova síntese” da “segunda revolução darwiniana”.
Carlos Alberto Doria é doutor em sociologia, pesquisador-colaborador do IFCH-Unicamp, onde desenvolve seus estudos de Pós-Doutorado com bolsa fornecida pela Capes
Notas(1) James Moore e Adrian Desmond publicaram em 2004 uma introdução crítica a The descent of man (Londres, Penguin Classics, 2004) e, mais recentemente, o alentado livro Darwin’s sacred cause. Race, slavery and the quest for human origins (Londres, Allen Lane, 2009). Patrick Tort, por sua vez, tem publicado inúmeros textos sobre o assunto, em especial: La pensée hiérarchique et l’évolution. Paris, Editions Aubier Montaigne, 1983; Darwinisme et société, Paris, Presses universitaires de France, 1992; Spencer et l’evolutionisme philosophique, Paris, PUF, 1996; “Darwin lido e aprovado”, Crítica Marxista, n. 11. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2000.
(2) Darwin mesmo advertiu n’A descendência do homem que “na primeira edição do meu A origem das espécies talvez tenha emprestado excessiva importância à ação da seleção natural ou à sobrevivência dos mais capazes”.
(3) Ver a respeito André Pichot, Histoire de la notion de vie, Paris, Gallimard, 1993, p. 769-776.
(4) ROYER, Clémence, Origine de l´homme et des sociétés, Paris, Éditions Jean-Michel Place, 1990.
(5) Para esse “caso” ver Dominique Lecourt, “Marx au crible de Darwin”, in De Darwin au Darwinisme: Science et Idéologie, Congrès International Pour le Centenaire de la Mort de Darwin, Paris-Chantilly, 13-16 de Setembro de 1982, Paris, Librairie Philosophique J. Vrin, 1983.
(6) Para um balanço sobre as relações Darwin-Marx nos textos de Marx e Engels, ver Bernard Naccache, Marx Critique de Darwin, Paris, Vrin, 1980.
(7) Adrian Desmond e James Moore, Darwin’s sacred cause, op. cit., p. 140-141
(8) Alexis de Tocqueville, La democracia en América, México, Fundo de Cultura Económica, 1957, p. 355.
(9) Patrick Tort, Darwin e a ciência da evolução, Rio de Janeiro, Objetiva, 2004, p. 95.
(10) Para uma visão panorâmica sobre essas formas avessas de sua recepção em vários países, ver Thomas F. Glick, The comparative reception of darwinism, Chicago, The University of Chicago Press, 1988.
(11) Peter Kropotkin, Mutual aid. A factor of evolution (1902), Nova Iorque, Dover Publications, 2006. Ver, ainda: Daniel P. Todes, Darwin without Malthus. The struggle for existence in russian evolutionary thought, Nova Iorque, Oxford University Press, 1989; Alexander Vucinich, Darwin in Russian Thought. Berkeley, University of California Press, 1988; David Stack, The first Darwinian left. Socialism and Darwinism: 1859-1914, Coventry, New Clarion Press, 2003.
(12) Stephen Jay Gould, “Introduction” a Theodosius Dobzhansky, Genetics and the origin of species (1937), Nova Iorque, Columbia University Press, 1982.